Sobre relacionamentos

Não gosto de discutir relacionamentos em público. Misturar sentimentalismo com racionalidade é algo que torna um diário enfadonho e desinteressante.

Contudo, ultimamente, tenho pensado muito sobre o assunto. Tenho observado que a vida vai colocando placas na sua frente, com setas indicando para onde você deve ir, que filosofias seguir e como se expor. Mas, principalmente, molda tudo o que você acredita ou deixa de acreditar.

Eu, particularmente, deixei de acreditar - e, inclusive, desconfiar - de três coisas. Ei-las:

Amor à primeira vista: a maior piada de todos os tempos. Mas explico-me: como uma pessoa pode sentir amor por outra apenas olhando, sem conhece-la pessoalmente, suas virtudes, defeitos e carisma? Pois é, não pode. O que se sente é atração, a mesma sensação de ver, por exemplo, uma rosquinha recheada com trufas do Donkin' Donuts. O amor se desenvolve, não é criado instantaneamente. Claro que eu falo só por mim; se você acredita em amor à primeira vista, o problema não é meu. Invista nisso e arque com as conseqüências depois.

Viver a vida sem pensar no amanhã: é fato que qualquer ser humano na atualidade vive pensando no amanhã. Viver sem pensar é ser inconseqüente: e, no caso, a Papuda (presídio aqui de Brasília) está cheio deles. Além disso, por mais que você tente não pensar, você vai acabar fazendo planos a médio e longo prazo.

Veja bem, não estou dizendo que não se deve viver a vida intensamente. Se você souber separar as coisas, vai ter sagacidade o suficiente para compreender que viver cada momento é uma coisa, e viver sem pensar no amanhã é outra completamente diferente. Portanto, aproveite sua vida, mas seja ético e civilizado.

Índole humana: a cada dia que passa, isso vem se tornando o primeiro item da minha lista de "coisas que eu desprezo". Cada vez que eu acho que as pessoas chegaram no topo da cretinice, elas me surpreendem. É impressionante, ao mesmo tempo que é nojento. Mas o ponto chave que eu gostaria de abordar, sobretudo, é o tal do relacionamento entre amigos.

Hoje em dia, a dificuldade de você encontrar alguém que você possa confiar, trocar conselhos, tratar como um irmão, é abismal. Seres humanos são invejosos, tramam todo dia contra você, e se infiltram de maneiras inimagináveis. É um tal de fulano pedindo para cicrano espionar a vida de outrém que me deixa com a pulga atrás da orelha (aliás a expressão "com a pulga atrás da orelha" também me deixa com a pulga atrás da orelha, mas não vem ao caso).

Portanto, meus caros, não se contente em apenas olhar o primeiro plano: o perigo, realmente, mora no plano de fundo.