Friday, October 31, 2008

Futuro

A vida nos proporciona incontáveis medos.

Se você, em um belo dia, resolve pisar no freio e analisar um pouco, perceberá que grande parte das suas atitudes no presente são voltadas para o futuro. Mesmo aqueles que se dizem defensores e praticantes do Carpe Diem, expressão em latim (retirada dos poemas de Quintus Horatius Flaccus, poeta romano que viveu no século I antes de Cristo) que significa colha o dia ou aproveite o momento, sequer percebem que eles também são escravos do futuro. Geralmente, esse tipo de pessoa só se diz “voltado para o presente” quando a vida já lhe pregou peças o suficiente para que lhe parecesse realmente assustadora.

Interessante o ponto em que nos encontramos atualmente. As decisões de como levar a vida, seja elas de emprego, acadêmica ou até mesmo familiar, são tomadas no mais puro conservadorismo, garantidas por um medo infindável de que a falta de segurança seja uma oportunidade perfeita para que tudo dê errado. Segurança é palavra obrigatória na agenda pessoal de cada um.

Quem nunca ouviu a frase “vou fazer este curso porque dá mais futuro”? Eu, particularmente, fui compelido a fazer um curso superior na área em que me formei justamente por causa desta frase. Interessante notar que nenhum curso “dá futuro” ou “dá dinheiro”, per se. Dar dinheiro é esmolar. O fato de você ter sucesso financeiro corresponde diretamente a sua capacidade de se superar.

Mas isso é assunto para outro texto.

O principal é entender que mesmo que não queiramos, o futuro nos assombra e nos impede de aproveitar o presente. É um engodo difícil de libertar-se. O terror da possibilidade de não passar a sua vida ao lado da pessoa que você ama, ou de não conseguir se sustentar ou, pior, morrer velho, solitário, caquético e sem que ninguém saiba é definitivamente paralisante. O que fazer nessa situação?

Bem, uma solução possível pode ser a de avaliar a sua produtividade diária. Parar um pouco e refletir se o seu dia realmente valeu a pena, se tudo o que você produziu – seja intelectualmente, seja em termos de praticidade – foi o suficiente para te satisfazer, se te trouxe felicidade e se você contribuiu um pouco para o seu crescimento pessoal. Acho que a produtividade pode gerar uma satisfação pessoal quando acumulada e, desta forma, garantir um futuro pelo menos com aquele sorriso de lado e com aquela sensação de dever cumprido.

Fora isso, aproveitar o máximo os momentos de lazer, ao lado da pessoa que você mais ama, seja ela sua amiga, seja namorada, seja um familiar. Porque não existe meios de garantir uma produtividade elevada sem a felicidade e a paz interior.

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