Monday, October 17, 2005

Referendo

Dia 23 próximo será o dia de enfrentar fila e calor novamente. Será o dia de escutar aquelas diversas pessoas contando seus diversos causos desinteressantes e cretinos, enquanto não tem ao menos uma idéia do que se trata toda aquela movimentação. Será o dia de fritar na escola-parque da 108 sul. Será o dia de votar novamente.

Esse referendo vem sido discutido pelas mais diversas cabeças pensantes (ou não) nesse Brasilzão de meu Deus. Alguns, como o escritor Milton Ribeiro argumentam pela diminuição do índice de homicídios e pela psicologia "estourada" natural dos brasileiros. Outros, tal qual Anderson Oliveira, tentam pelo lado da proteção do cidadão. E, desta forma, sucessivamente.

Eu, na minha humilde mas muito importante opinião, já passei pelas duas fases.

Primeiramente, eu era partidário do "Não". Achava que não tinha sequer o direito de pensar em tirar o poderio bélico dos cidadãos comuns. Acreditava que, em uma situação dada, um bandido teria no mínimo um 38, enquanto os pobres seres votantes teriam apenas uma faca de cozinha, no máximo. Daria-se, assim, um desiquilíbrio muito grande em favor dos ladrões.

Depois, lendo mais algumas coisas, optei pelo "Sim". Afinal, o que iria ser proíbido seria o comércio das armas e munições; quem já possui o porte, continuará com a arma e poderá renová-lo de três em três meses. Os bandidos não iriam invadir mais casas, estuprar mais famílias, saquear mais zonas comerciais. O status quo seria mantido. Além disso, não conhecia nenhum caso real de alguém com sagacidade e velocidade o suficiente para puxar uma arma e crivar o bandido de balas, enquanto estava com um fuzil apontado para a cabeça.

Pois bem. Com tudo isso em mente, eu percebi que a situação é mais complexa do que eu imaginei. De certa forma, se eu já mudei de opinião em apenas 1 mês, nada pode me garantir que eu não vou mudar novamente. É uma discussão complexa demais para eu me responsabilizar, posteriormente, pela mudança de um contexto. É uma coisa muito grande para responder apenas "sim" ou "não".

Além disso, é fato que muitas reformas são necessárias antes disso. Existem muitos assuntos muitíssimos mais importantes a serem discutidos do que se uma pessoa pode ou não comprar uma arma. A legalização ou não do aborto ou novas leis anti-corrupção são bons exemplos.

Posto desta maneira, decidi anular meu voto. Vou ficar na neutralidade e ver no que dá. Se o Brasil cair na merda (mais ainda) depois desse referendo, vou assistir tudo de camarote, comendo pipoca, tomando refrigerante e com um 38 embaixo do sofá.

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