Tuesday, October 18, 2005

Sem noção

Sério, alguém aí pode me dar pelo menos um motivo plausível para uma pessoa colocar, em alto e bom som, Tati Quebra-Barraco, MC Serginho, entre outras pérolas, para tocar no SETOR DE AUTARQUIAS SUL ao MEIO-DIA?

De noite, em frente à uma boite, até entende-se. Se o indivíduo quer escutar músicas com frases de grande ambigüidade e de índole questionável, isso é problema dele. Cada um se diverte como quiser, oras.

Mas, no horário de trabalho? Vai caçar o que fazer, cazzo.

Monday, October 17, 2005

Referendo

Dia 23 próximo será o dia de enfrentar fila e calor novamente. Será o dia de escutar aquelas diversas pessoas contando seus diversos causos desinteressantes e cretinos, enquanto não tem ao menos uma idéia do que se trata toda aquela movimentação. Será o dia de fritar na escola-parque da 108 sul. Será o dia de votar novamente.

Esse referendo vem sido discutido pelas mais diversas cabeças pensantes (ou não) nesse Brasilzão de meu Deus. Alguns, como o escritor Milton Ribeiro argumentam pela diminuição do índice de homicídios e pela psicologia "estourada" natural dos brasileiros. Outros, tal qual Anderson Oliveira, tentam pelo lado da proteção do cidadão. E, desta forma, sucessivamente.

Eu, na minha humilde mas muito importante opinião, já passei pelas duas fases.

Primeiramente, eu era partidário do "Não". Achava que não tinha sequer o direito de pensar em tirar o poderio bélico dos cidadãos comuns. Acreditava que, em uma situação dada, um bandido teria no mínimo um 38, enquanto os pobres seres votantes teriam apenas uma faca de cozinha, no máximo. Daria-se, assim, um desiquilíbrio muito grande em favor dos ladrões.

Depois, lendo mais algumas coisas, optei pelo "Sim". Afinal, o que iria ser proíbido seria o comércio das armas e munições; quem já possui o porte, continuará com a arma e poderá renová-lo de três em três meses. Os bandidos não iriam invadir mais casas, estuprar mais famílias, saquear mais zonas comerciais. O status quo seria mantido. Além disso, não conhecia nenhum caso real de alguém com sagacidade e velocidade o suficiente para puxar uma arma e crivar o bandido de balas, enquanto estava com um fuzil apontado para a cabeça.

Pois bem. Com tudo isso em mente, eu percebi que a situação é mais complexa do que eu imaginei. De certa forma, se eu já mudei de opinião em apenas 1 mês, nada pode me garantir que eu não vou mudar novamente. É uma discussão complexa demais para eu me responsabilizar, posteriormente, pela mudança de um contexto. É uma coisa muito grande para responder apenas "sim" ou "não".

Além disso, é fato que muitas reformas são necessárias antes disso. Existem muitos assuntos muitíssimos mais importantes a serem discutidos do que se uma pessoa pode ou não comprar uma arma. A legalização ou não do aborto ou novas leis anti-corrupção são bons exemplos.

Posto desta maneira, decidi anular meu voto. Vou ficar na neutralidade e ver no que dá. Se o Brasil cair na merda (mais ainda) depois desse referendo, vou assistir tudo de camarote, comendo pipoca, tomando refrigerante e com um 38 embaixo do sofá.

Monday, October 10, 2005

Dualismo

O dualismo da introspecção e externalidade é uma coisa factual no cotidiano dos complexos relacionamentos humanos. Eu, particularmente, chamo isso de dualismo entre comportamentos destrutivos e construtivos.

Primeiramente, é necessário conceituar ambos. O comportamento destrutivo é aquele motivado pelo impulso. Trata-se de um comportamento onde uma pessoa tende a apresentar uma parcial ou completa falta de interesse pela realidade e, conseqüentemente, pelas responsabilidades da rotina do selvagem capitalismo. Geralmente apresenta-se após profundas decepções, como um término de namoro, por exemplo. Aquela história da condicional "agora que estou livre, vou pegar todas, encher a cara até cair e aproveitar a vida" nada mais é do que um comportamento destrutivo, que pode gerar sérias conseqüências futuras. É fase do mundo cor-de-rosa, onde as ações sentimentais prevalecem sobre as racionais.

Ao contrário, o comportamento construtivo é o da introspecção. É a fase do "Ser para si" sartriana. Trata-se de uma ocasião onde o indivíduo "fecha-se" para o contato externo. Não afirmo que há um isolacionismo completo, mas há uma queda nas relações com as outras pessoas, colocando-se apenas o necessário. É uma fase onde a pessoa tende à racionalização, a colocar sua mente apenas para o conhecimento técnico. Há uam certa aprendizagem, de fato; contudo, isso também pode gerar sérias conseqüências, como solidão e depressão. Quem pensa mais, observa mais. E quem observa mais, vê mais coisas que não quer. E assim, enlouquece. É a fase do mundo preto e branco.

Posto desta maneira, podemos tratar de como tais comportamentos se inter-relacionam. Primeiramente, podemos afirmar que pessoas que possuem um comportamento destrutivo tendem a atrair pessoas que também possuem tal comportamento. Isso gera uma falsa sensação de amizade, de entendimento mútuo, o que acaba gerando um mundo utópico de prazeres (mais ou menos uma Matrix). Quando se percebe o que está acontecendo, já foi um grande tempo que se perdeu. E, para recuperar esse tempo, demora muito mais tempo, o que é uma escassez atualmente.

Pessoas de comportamento construtivo não gostam de se relacionar entre eles. Há tanta racionalização, tanto conhecimento adquirido, que acaba por gerar certo orgulho e egocentrismo. Nenhuma das duas pessoas deseja cair do seu pedestal, admitir que sabe menos do que o outro, por isso se repelem. Claro que há suas excessões, onde duas pessoas podem gerar debates tão produtivos que acabam por construir novas idéias.

O equilíbrio encontra-se quando um ser de comportamento destrutivo se relaciona com um de comportamento construtivo. Aquele que possui o construtivismo como maneira de ser, vai exibir os pontos de vistas racionais que a pessoa destrutiva precisa para fugir do estado extremo desse comportamento: a desilusão. Em contrapartida, o indivíduo que possui o comportamento "sem preocupações", poderá demonstrar a melhor forma de relacionar-se, previnindo ao outro sobre aquelas pessoas que tendem a ser mais cretinas. E, desta forma, ambos se completam.

Pessoa equilibrada é aquela que sabe a hora de ser construtivo e a hora de ser destrutivo. Sabe colocar os pingos nos "i"s corretamente, mas também sabe quando não precisa colocar nada. Sabe que o mundo não é cor-de-rosa, nem preto e branco: é cheio de cores, mas cada cor em seu devido lugar. Sabe aproveitar a vida sem tirar o foco de suas responsabilidades. E é justamente dessas pessoas que o mundo carece mais, hoje em dia.

Thursday, October 06, 2005

Ciclo

A falta de interesse em relacionamentos estáveis é um processo cíclico, com data de início indefinida e sem um culpado inicial.

Todavia, a situação pode ser definida da seguinte maneira, com a possibilidade da troca dos gêneros. Os homens querem mulheres perfeitas (assim como as mulheres querem os homens perfeitos). Inteligente, bonita, sexy, tarada, boazinha, amiga entre outros adjetivos. De repente, tal pessoa aparece em sua vida, com um estalar de dedos. Você observa, fica reticente. Pergunta aos céus se aquilo existe de verdade, se não é uma ilusão de ótica (porque quem já viveu um relacionamento tende a criar um filtro). Mas existe, está lá, e a primeira coisa que você pensa é “opa, me dei bem”.

Ficam uma, duas, dez vezes. Começam a pensar que essa seria a pessoa que as mães sempre desejaram como nora (ou genro). Se começar um namoro, não há maior certeza do que a de que será algo estável. Você a busca na faculdade, a leva no cinema, ao bar, ao restaurante, à Lua. Sexo toda semana, sem faltas. E assim, a rotina começa.

É fato que as pessoas tendem a observar coisas diferentes quando caem em uma certa rotina. A repetição tende ao tédio, e não há pessoa conhecida que admire o tédio. Então, você começa a reparar como os amigos estão se divertindo, como estão alegres arrasando com o sexo oposto. Você sente falta daquelas cantadas infalíveis da noite, daquela olhada mais provocante, de todo aquele processo de sedução que você praticava antes de tudo acontecer. E, num piscar de olhos, você vê que não está pronto para isso, que não pode se enclausurar em um namoro.

Aquela pessoa que você tanto admirava se transforma em uma mala. Você começa a sentir nojo apenas do nome dela aparecer em sua tela de celular. Quando ela se aproxima de você, já há aquele suspiro mais longo, de arrependimento. Toda aquela balela de “estabilidade” vai pelo ralo. E, o que é pior: se ela não entende o quão ruim está, você faz questão de demonstrar isso. E a pessoa pensa com seus botões: “O que eu fiz de errado?”. Nada. Absolutamente nada. A culpa é exclusivamente sua.

Aí, aquela vidinha que você tanto odiava antes de tudo acontecer, retorna. Você está confiante de que vai arrasar na noite, de que irá adentrar um recinto onde todas as atenções femininas estarão voltadas única e exclusivamente para você. E, dessa forma, instaura-se a grande ilusão.

Daquele momento em diante, você começa a chegar em casa sozinho, após a noite, e questionar-se porque está tão insatisfeito. Talvez seja porque aquela pessoa da noite, aquela bonita, gostosa, misteriosa, cuja qual rolou beijos tão intensos e mãos tão inquietas que te davam a nítida impressão de que estariam fazendo sexo que nem coelhos (e que, talvez, tenha ocorrido de fato), sequer te deu o número do telefone. É o amargo gosto da frustração. E você começa a pensar naquela pessoa boazinha, aquela que você simplesmente queria que deixasse de existir há um tempo atrás. Enquanto isso, aquela pessoa, chateada, custa a entender o que diabos ela fez para te afastar. A dúvida vira angústia, que vira mágoa, que vira raiva. Ela blinda o coração. Fala que, a partir daquele momento, nunca mais entregará seus sentimentos. Começa a sair na noite e tomar a mesma atitude que aquela outra pessoa, aquela que sequer tem a bondade de te dar o número do telefone, toma. Decide que não há razão para se envolver, já que no final sempre haverá a chateação, a lesão, o chute. O monstro foi criado.

O tempo passa e nós continuamos na mesma. Sempre reclamando da vida e das pessoas. As mulheres ou homens só querem os cachorros(as). Não estão nem aí para aqueles que querem algo mais, ou seja, você mesmo. Mas, no final, você nem ao menos se lembra de que tudo isso foi culpa sua. Aquela mulher ou homem, vulcão da night, que pega 5 por noite, era a boazinha de outra mulher ou homem anteriormente. E assim sucessivamente. E você a perdeu para sempre: aquela pessoa que, antes era sua alma gêmea, agora está perdida por aí, enlouquecendo a cabeça de outras pessoas.

A questão fica no ar: é esse o mundo que você quer?