Wednesday, June 29, 2005

Siciliano

A verdade é que a Siciliano se tornou uma livraria das massas. Nada mais de preocupações com a qualidade das publicações expostas nas suas inúmeras prateleiras, nada disso. Agora é tudo muito simples: vendeu muito, fica; vendeu pouco, não entra mais.

O problema é que a auto-ajuda vende mais do que livros interessantes, como "O ser e o nada" do Sartre, ou "O Pêndulo de Foucault" do Umberto Eco. Daí quando você vai procurar é sempre recebido com um simplório "acabou". Como assim "acabou", cara pálida? Acabou há 3 meses, porque vocês não pedem mais? Para dar lugar para os livros cujos títulos dão ânsia de vômito em qualquer pessoa mais evoluída do que um símio, do porte de "Como perdoar"?

Vou escrever algo do tipo "Mande as pessoas irem à merda e seja feliz". Garanto que vou vender muito mais do que qualquer George Orwell...

Saturday, June 25, 2005

Aos poucos

Aos poucos, tudo se acerta.

Aos poucos, o sofrimento vai passando.

Aos poucos, o trabalho se torna realização.

É só esperar. Tenho certeza que tudo vai dar certo.

Monday, June 20, 2005

Presente

Notícias rápidas, só para dar razões do porquê da desatualização desse blogue:

- Finalmente comprei o Código. Estou devorando o livro como uma criança somaliana devoraria um Big Mac, e pelo mesmo motivo: porque é gostoso.

- Também decidi participar do AMUN. Isso significa muito estudo para debater de igual para igual com o pessoal das outras universidades espalhadas pelo Brasil.

- Além do AMUN, ainda tenho que organizar o guia de estudos para o SimulREL, simulação do Ceub.

- Trabalho o dia inteiro. E muita coisa pra fazer, em ambos.

Tava pensando em voltar às atividades físicas que eu não pratico há exatos dois meses. Mas quem disse que dá tempo? :)

Passado

Momento homenagem (gay) do Diário.

Hoje eu queria falar um pouco de um mestre na arte de lecionar. Um cara, que acima de tudo, fazia com que seus alunos aprendessem a aprender. Amava sua matéria e queria, mesmo, que a gente conhecesse, pelo menos um pouquinho, daquilo que ele tentava passar, sem nenhuma preocupação com vestibular ou coisa assim – somente pelo prazer de conhecer.

Refiro-me ao meu professor de biologia do 3º ano, o Prof. Padilha. Um gênio da arte de ministrar aulas. Ele conseguia que todos prestassem atenção em tudo, mesmo não sendo uma matéria de preferência unânime. Aliás, acho que só algumas garotas que almejavam entrar para o concorrido curso de biologia da UnB que prestavam atenção por natureza. O resto jogava truco, conversava ou arranjava algum meio de se desligar completamente da aula.

Tenho orgulho de dizer que aprendi muito sobre biologia com esse cara. Ele levava uns vídeos de qualidade questionável para a sala de aula, o que fazia a gente dar gargalhadas intensas. E ele sabia que era engraçado, por isso que levava. Foi em um desses vídeos que eu aprendi que uma minhoca é triblástica, celomada e tem circulação fechada (o que, invariavelmente depois de alguns anos, eu iria perceber que não teria nenhum sentido prático na minha vida, mas eu lembro mesmo assim).

Hoje, quase terminando a faculdade, bateu um sentimento nostálgico quando lembrei dos tempos de colégio. Não tinha que pensar em ganhar dinheiro, nem em monografia, nem em nada desse tipo. Na época eu não pensava que iria sentir falta. Aliás, ninguém pensa e nunca irá pensar. Isso é um fato da vida.

Wednesday, June 15, 2005

Democracia

Gilberto Dupas já afirmava em seu texto "Duas Contradições do Capitalismo Global" que a economia atual estava passando por um processo de terceirização. A grande maioria dos serviços, que não exigem decisões de alto risco, são tomadas por empresas terceirizadas, independentes da grande empresa central.

No Brasil, esse processo de terceirização foi levado muito a sério. Tudo começa a ser terceirizado, inclusive a culpa dos fracassos sucessivos do governo. O PTB diz que a culpa é do PP. O PP fala que a culpa é do PT, o PT fala que é do PSDB e assim sucessivamente.

E enquanto isso, ninguém toma uma decisão firme. Ninguém está preocupado em mudar o sistema político (alguém sabia que o Enéias, deputado federal mais votado com mais de 1 milhão de votos, levou junto mais dois do PRONA justamente por causa desse 1 milhão de votos?), porque é conveniente para os grupos aristocráticos. E, cada vez mais, o Estado de Natureza proposto por Thomas Hobbes em seu Leviatã no século XVII se aproxima da realidade brasileira.

Porque, convenhamos: para que eu vou agir em prol da honestidade, da ética e da moralidade se o cara do lado vai usar isso para tomar o meu dinheiro? Eu quero é sobreviver com dignidade, salvar o meu rabo; o resto que se dane.

Essa é a mentalidade que guia o povo brasileiro atualmente. Dupas já dizia que o desemprego estrutural geraria essa individualidade. E o que o governo faz a respeito? Chora, enquanto os Robertos, os Severinos, os pastores, os bispos, os padres e todos os religiosos do Congresso Nacional brigam para ver quem é o culpado por roubar mais.

No final, são todos cúmplices.

Sunday, June 12, 2005

Dia dos namorados

Eu tinha um post feito especialmente para esse dia.

Mas eu perdi a inspiração. É, perdi, fazer o que.

Além disso, estão todos escrevendo a respeito, então vocês poderão encontrar bons textos se procurarem bem. Alguns escrevem sobre a data comercial, originalmente imaginada pelo publicitário João Dória, da Agência Standard Propaganda, e pela Confederação de Comércio de São Paulo, em 1950. Alguns escrevem sobre todo o valor sentimental, dos jantares, dos presentes, dos momentos.

Eu não vou ficar repetindo. Me restrinjo, portanto, a dizer: aproveite seu amor, caso você tenha. Dê um momento só pra ele hoje. Se isole do resto, aproveite o calor humano. Caso você não tenha, não fique triste: aproveite o amor próprio, tire o dia só para você. Às vezes, isso pode ser muito melhor. :)

Friday, June 10, 2005

O revés dos seminários

Se alguém me apresentar um motivo plausível para os chamados "trabalhos em grupo" na faculdade, pode se considerar inteligente.

Até posso concordar que as pessoas precisam aprender a se expressar em público. De fato, isso é uma virtude cada vez mais necessária e requisitada no mundo contemporâneo, ainda mais com essa onda globalizadora que estamos passando (apesar de que, com essa onda, vem também o privilégio de poder resolver muitas coisas por trás das telas dos computadores, mas não vem ao caso). Também posso corroborar com a idéia pela qual as universidades devam encorajar seus alunos a se expressarem perante os seus companheiros. Contudo, eu não acredito que isso possa ser um método de avaliação eficiente.

E por que isso? Bem, primeiramente, o próprio público não está interessado no que está sendo exposto, pelo simples fato que ele não tem a mínima idéia do que está sendo explicado, ninguém tem a curiosidade (ou tempo, vai saber) de pensar "vou pesquisar sobre o assunto que vai ser apresentado e questionar o grupo a respeito". Estão lá para garantir a presença nas aulas e uma boa nota no final do semestre, de fato.

Além disso, os próprios alunos que estão apresentando podem não ter interesse, o que deixa a apresentação cansativa, entediante e sem nenhum pingo de didática, diminuindo ainda mais o interesse do público no trabalho e deixando uma margem de análise muito pequena para o professor.

Convenhamos: o professor não pode exigir muito mais que ele próprio ensina, ou seja, não pode pedir muito mais do que pediria numa prova convencional. Então qual é o real motivo para isso? Na minha humilde, sincera, mas muito importante opinião, trabalhos em grupo não são mais do que preguiça dos professores em fazer uma prova decente, que realmente avalie os alunos. E quando eu digo avaliar, eu falo em testar os conhecimentos, não a capacidade que um aluno tem de decorar o texto.

Tuesday, June 07, 2005

Preguiça Mental

A língua da internet tem sofrido variadas modificações, desde que ela foi criada, nos tempos do modem 2800. Ocorreu uma contínua retração do português, em prol da escrita rápida e preguiçosa.

Preguiçosa, sim. Porque quem "iXcREvi AxIM" não é mais do que um preguiçoso.

Isso ocorreu, basicamente entre as gerações de 85 em diante. "Mas em 85 nem tinha computador", você irá dizer e "Deixa eu terminar meu raciocínio, sua anta", eu vou lhe responder. Há uma margem que eu chamo de "margem de transformação", que compreende aqueles indivíduos que tanto escrevem corretamente como escrevem pérolas que nem os antigos egípcios e seus hieroglifos conseguem superar. Essa margem, a meu ver, compreende os nascidos entre 85 e 87.

Aonde eu quero chegar com isso? Bem, o sistema de informações e pesquisas sofreu um avanço em largas escalas durante a década de 90. As pessoas começaram a migrar das bibliotecas para as casas e, assim, começaram a adquirir conhecimento pela internet.

Pra ilustrar melhor o meu raciocínio, segue um exemplo: eu sabia exatamente em quais volumes da Barsa procurar os itens que eu queria, de cor, e COPIAVA as coisas mais relevantes para o meu caderno. Hoje em dia, pergunte quem conhece a Barsa e quem conhece o Almanaque Abril e verá estatísticas, no mínimo, alarmantes.

Com essa migração das pesquisas das bibliotecas para as casas, os pobres jovens começaram a sofrer mudanças na sua mentalidade. Surgiu, então, as poderosas ferramentas de busca e, com elas, a sociedade do "Ctrl + C, Ctrl + V", fácil, simples e rápida. A partir desse momento, ninguém mais quer ler livros; basta pegar um resumo na internet, ler e fazer a prova na escola, no dia seguinte. E, assim, a população foi ficando cada vez mais preguiçosa e a leitura de obras de autores como Machado de Assis, Edgar Alan Poe e outros, ficou cada vez mais entediante e cansativo.

Soma-se isso com a sociedade da televisão e pronto. Temos o resultado esperado: menininhas que sabem o que aconteceu entre os personagens de malhação, mas nunca ouviram falar de Quincas Berro d'Água.

Abre Parênteses

Veja bem, eu estou falando que todos os preguiçosos assistem malhação, mas que nem todos que assistem malhação são preguiçosos. Inclusive há pessoas que lêem livros o dia inteiro, e pausam somente na hora desse programinha sem sentido com ninfetas peitudinhas que não sabem o que é cerveja e...bem, deixa pra lá.

Fecha Parênteses

Atualmente, não tenho dúvidas em afirmar que toda a população brasileira entre 5 e 18 anos e que tem acesso à internet é suspeita de "iXcREvEr AxIM". Mas não julguem pela escrita; no final, é só preguiça de ter um pouquinho mais de cultura.